quinta-feira, dezembro 02, 2004

Regressando ao Som do Sapatinho

Voltei.

Após a ausência por motivos acadêmicos, das quais resolvi tudo no sapatinho atingindo os devidos méritos, regresso no mesmo dia em que comemora-se o samba.

Mas quem me conhece deve está se perguntando: - Samba? O RheXandre falando sobre samba?

Pois é meus caros, sei que não é minha praia musical e não compro cds do gênero, mas respeito o velho samba. Além do mais, também sou percussionista e antes de tudo um nacionalista, pois o samba é genuinamente brasileiro, nosso produto maior, totalmente exportação. Criado pelos negros e influênciado também pelas polkas europeias e batuques indigenas. É a cara do Brasil, a identidade do brasileiro, como sua própria miscigenação.

Então, hoje é o dia nacional do samba, mas bem que poderia ser uma data comemorada internacionalmente, pois como citei acima, lá fora é a nossa maior riqueza cultural.

Porém, respeito apenas o verdadeiro samba de raiz, e não aqueles pagodes baianos de tchans e cia, e nem aqueles grupinhos de samba/pagode que ficam fazendo coreografias nas suas músicas. Respeito o legitimo samba, os seus compositores e suas escolas e comunidades, como por exemplo: Pixinguinha, Donga, João da Baiana, Cartola, Noel Rosa, Nelson Cavaquinho, Paulo da Portela, Nelson Sargento, Estação primeira de Mangueira, Velha guarda da Portela, Candeia, etc ; até os contemporâneos: Paulinho da Viola, Martinho da Vila, Zeca Pagodinho, Fundo de Quintal, Clara Nunes, Jorge Aragão, Beth Carvalho e o mestre Bezerra da Silva. São muitos sambistas que nas suas malevolências, talentos e inspirações fizeram do samba a alma músical do Brasil. (Pena que a maioria morreu, sem o devido reconhecimento, na rua da amargura).

Para os que são anti-samba pondero para que não sejam hipocritas, pois mesmo não gostando, dúvido se ao menos um dia na vida já balançou a perna (pé) ao ritmo do batuque ou pelo menos sambou com os dedos indicadores das mãos! Não adianta, mesmo que qualquer brazuca tenha afins músicais do jazz ao rock, o samba já está genotipicamente inserido no seu DNA. O jazz é vô do samba, o chorinho e maxixe são pais do samba, a bossa-nova é filha do samba e a vasta mpb é neta do samba. Sem contar que até nosso rock é quase totalmente influênciado pelo mesmo, pelo seu swing e ritmo, que digam os fãs de Jorge Benjor, Novos Baianos, Sepultura, Planet Hemp, Seu Jorge, Los Hermanos, Beribrown, Max de Castro e toda galera do Samba-Rock.

Eu confesso, mesmo não sendo sambista tenho muita influência desse ritmo sim, seja na percussão o na própria maneira de tocar guitarra e violão, faço um Reggae 'n' Roll (Reggae + Rock 'n' roll) com uma leve pitada de samba. Pois está no sangue, na cultura, na história, nas dores ou nas alegrias dos brasileiros, o centenário, samba.

Pois é como cita os versos daquela música: "Quem não gosta de samba bom sujeito não é...ou é ruim da cabeça ou doente do pé".

Salve o Samba, salve os descendentes de Zumbi, salve a Cultura Brasileira.


Samba a Dois
Los Hermanos

(Refrão)
Quem se atreve a me dizer
do que é feito o samba
quem se atreve a me dizer

Não, eu não sambo mas em vão
o meu samba tem cordão
o meu bloco tem sem ter
e ainda assim
sambo bem a dois por mim
bambo e só mas sambo sim
sambo por gostar de alguém gostar de
me lavra a alma
me leva embora
deixa ver samba no peito de quem

(Refrão)

Quem, me ensinou a te dizer
vem que passa o teu sofrer
foi mais um que deu as mãos entre nós dois
eu entendo o seu depois
não me entenda aqui por mal
mas pro samba foi vital falar de
me laça a alma
me leva agora
já que um bom samba não tem lugar nem

Nem se atreva a me dizer
do que é feito o samba
nem se atreva a me dizer


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