quarta-feira, maio 25, 2005

Lago de Idéias

Djavanear o que há de bom

Por Mônica Lago

Falar de Djavan é falar de sentimento, de amor, de relacionamento...
Pois é tudo isso que ele vem cantando, ao longo de seus trinta e um anos de carreira. Ele mesmo já afirmou, em entrevista, que as pessoas se identificam com seu trabalho justamente porque ele canta o real. Ele retrata em suas letras sentimentos e situações pelas quais todos nós já passamos em algum momento da vida. Seja um momento Se - em que aquele alguém especial não se decide, preferindo o 0X0 - ou aquela situação de desilusão e desespero, em que nos sentimos "morrendo de sede em frente ao mar" , como ele mesmo descreve, ou ainda uma fase em que Amar é tudo, e nos encontramos num perfeito estado de paixão!

O que mais admiro em suas composições é a sua sensibilidade única e sua versatilidade sem tamanho! Num mesmo CD de Djavan, podemos encontrar gêneros distintos, como bossa nova, forró, e estilos mais românticos ou dançantes. É um cantor para todos os gostos. Para se ter uma idéia do que estou dizendo, basta ouvir um pouquinho o cd Milagreiro, onde os estilos se misturam, entre as faixas Farinha, Meu e Lugar Comum.

Em seu mais recente álbum - Vaidade - uma das músicas que mais me chamaram a atenção e me despertaram para uma reflexão, foi a letra de Amor Algum (clique aqui). Acredito que se trata de um alerta às pessoas, no que tange atitudes que denotam descompromisso com o amor e com o sentimento. O famigerado ficar ou mais modernamente... pegar, o que não faz muita diferença no universo tribalístico!!!

Bom, a música tem uma certa dualidade, ora mostrando que o personagem da história está aí mesmo, pro que der e vier, sem coleira, atacando!, e ora demonstra que, apesar desse comportamento, no fundo ele quer mesmo um amor. "Todas as estradas que andei não me trouxeram, jamais, amor algum. Me traz um e eu te apresentarei ao céu azu!l" .

Acho importante refletir sobre isso, porque atualmente tudo está muito banalizado. As pessoas parecem não ter mais aquela calma e disposição para viver uma conquista por etapas: Conhecer, conversar, flertar, ficar, e, quem sabe enfim, namorar!
Tudo é muito rápido. Muita gente já vai chegando e beijando, sem sequer saber seu nome! Não dá tempo nem de conhecer o outro, saber quem aquela pessoa é, o que espera da vida, do amor... e nem percebem que há uma vida ali, uma pessoa que tem uma essência, sentimentos, inteligência, vida, sonhos e aspirações. E, de repente, se tivessem ido com calma, talvez aquela pessoa que só serviu como um mero passatempo, poderia ficar por muito mais tempo na sua vida e até mesmo se revelar um grande amor! Mas isso só se descobre com o tempo, com a convivência. É preciso haver espaço para a conquista, para desvendar, aos poucos, os mistérios do outro. Nada mais gostoso, não acham?

Foi em 96, quando ainda era uma adolescente de quinze anos, que comprei meu primeiro cd do Djavan. Era o álbum Malásia ... sim, aquele que tem aquela música tema de Por Amor... "Um dia frio, um bom lugar pra ler um livro. E o pensamento lá em você... eu, sem você, não vivo". Desde então, virei fã e acompanho sempre o trabalho do alagoano. É meu grande ídolo, por quem tenho bastante admiração.
E tudo ficou ainda mais especial, quando Djavan se tornou o ponto de partida de um romance.... a minha atual história de amor! É que graças a esse gosto em comum, eu e meu Alê pudemos nos conhecer e nos tornarmos namorados. E nossa história ficou marcada por lindas canções, como Sentimento Verdadeiro, Flor do medo, Pétala, Álibi e Imagina.
"Imagina, imagina, hoje à noite a gente se perder..." (Isso te lembra alguma coisa, meu amor?!! Rs....)

Bem, Djavan consegue mesmo embalar os corações e ser tema de muitas histórias de amor. Espero que, assim como a minha história, a de vocês também possa ser alvo desse toque especial!
Se você já viveu algum momento inesquecível ao som desse poeta, conta aí!
E se é fã, como eu, continue sempre a Djavanear, pela vida, com tudo o que há de bom!

terça-feira, maio 10, 2005

Lago de Idéias

Um Novo Tempo

Por Mônica Lago

É assim mesmo! Como diz a canção, estamos vivendo um novo tempo, apesar dos perigos. As pessoas estão, cada vez mais, ligadas por um novo mundo virtual. Intempestivamente, os padrões de comportamento são modificados, em grande parte das vezes ditados pelos meios de comunicação. Quer um exemplo? Com o advento do e-mail, ninguém - ou quase ninguém - escreve cartas. Pobre dos carteiros! O que o futuro lhes reserva?!! Sempre gostei muito de escrever cartas, desde garotinha. Tenho pilhas delas guardadas, de amigas queridas da infância e adolescência. Por mim, continuaria escrevendo, mas os tempos são outros... preciso me adaptar.

A princípio foi estranho notar que, de repente, a letra virou fonte. E todo mundo passou a escrever igual: Letra... ops! Digo, fonte Times New Roman, tamanho doze. E a particularidade da escrita de cada um parece ter se perdido.
Bem vindo! O computador é o mais novo membro de grande parte dos lares mundiais. E é muito mais complexo do que se imagina! Seu uso vai muito além do acesso a chats de bate-papo, de Orkuts e Gazzags da vida. Sim, isso também é um aspecto a se refletir... já pensaram como a forma de se relacionar está mudando? Se antes, com a correria diária das pessoas, elas já não tinham tanto o hábito de se telefonarem, agora então... ligar pra quê? Nãaaoo! É só mandar um Scrap!!! E o que dizer das comunidades... todos unidos por gostos e afinidades em comum. Agora, para as pessoas se relacionarem, não precisa mais estar presente, ter um contato físico... elas simplesmente se adicionam! Os blogs cada vez mais se proliferam pela net. Pessoas dividem com amigos e com uma infinidade de internautas desconhecidos, seu cotidiano, coisas pessoais, visões de vida distintas. (A propósito, a revista Primeira Leitura traz um texto muito interessante sobre o universo bloguístico - seu poder de comunicação - clique aqui).
Todo esse comportamento, ao meu ver, é paradoxal. A idéia, mesmo que implícita, é de que as pessoas estão cada vez mais se distanciando uma das outras - por conta da fria tela do computador - mas, no fundo, o calor humano faz uma baita falta!

Fora da esfera do entretenimento, ainda podemos observar outros pontos advindos desse avanço tecnológico. Atualmente, a gente pode fazer compras pela Internet, estudar à distância, cursando disciplinas virtuais, não presenciais! Fazer a matrícula da faculdade ou daquele curso que você tanto queria, marcar uma consulta, pegar o resultado daquele exame que tanto te preocupa.... Ufa! Ultimamente, parece que os humanos (?!) estão avessos ao contato físico!
Outro dia, lendo sobre o assunto, descobri que alguns médicos já adotam uma moderna técnica de acompanhar seus pacientes pela Internet!

As mudanças são um pouco assustadoras. Não sou contra elas, (em parte) e nem poderia, pois a essa altura do campeonato não há como querer retroagir.
O que acho é que devemos (e pouco fazemos isso) refletir sobre tudo isso... para onde está caminhando a humanidade? Até que ponto todo esse avanço é benéfico? Vivemos numa sociedade capitalista, onde o progresso é sempre o principal objetivo, e a competitividade e a correria diária nos obriga a estar sempre buscando o crescimento profissional, a evolução, o que acaba nos levando a ser frívolos e nos distanciarmos daqueles que nos cercam.
É importante lembrarmos do amor e da convivência com o próximo. É preciso cuidado, pois como Hobbes já dizia: O homem é o lobo do próprio homem!